A forma como as pessoas preferem ter acesso aos serviços financeiros estão mudando rapidamente. Com o isolamento social isso foi acelerado ainda mais.
Com isso, 2020 viu, pela primeira vez, o número de download de aplicativos de bancos digitais ultrapassando o número dos bancos tradicionais.
Ao todo, quase 2 bilhões de dólares foram investidos em fintechs em 2020. Só o Nubank abocanhou 400 milhões dessa pilha de dinheiro.
Isso porque esse modelo de negócio dos bancos digitais permite uma estrutura mais enxuta, focada no cliente e com ganhos potenciais enormes. A receita perfeita para atrair investidores.
Devido a essa expansão, vemos cada vez mais anúncios dos bancos tradicionais de Planos de Demissão Voluntária (PDV) e fechamento de agência. Por exemplo, em 2020, Bradesco, Itaú e Santander fecharam mais de 1500 agências e pontos de atendimento.
Mas será que isso significa o fim dos bancões?
Realmente, falar “fecharam 1500 agências” parece que o cenário está ruim para eles. Porém, não é a realidade.
A verdade é que, esses mesmos bancos que fecharam tantas agências, tiveram crescimento de lucro líquido de 29% no terceiro trimestre de 2020, ou seja, mais de R$ 17 bilhões de lucros.
O fechamento das agências é devido ao investimento em tecnologia e a mudança de relacionamento com os clientes. Além disso, a maioria dos bancões já possuem uma fintech para chamar de sua, por exemplo, o Bradesco possui a Next.
Apesar da experiência digital dos bancos tradicionais não ser a melhor, muitas vezes necessitando ir em uma agência, ela existe e está conseguindo conter uma migração forte para os bancos digitais.
Por que todo dia aparece um novo banco digital?
Realmente, o número de fintechs é altíssimo no Brasil. Somos o país com maior número dessas empresas da América Latina: são mais de 380 empresas do ramo.
A estrutura de um banco digital é bem mais enxuta e, por isso, barata. Uma agência possui diversos custos: aluguel, funcionários, equipes de manutenção, energia, água, sistemas de seguranças e muito mais.
Assim, é inviável para uma pequena empresa tentar investir em uma estrutura dessas. Mas um aplicativo demanda apenas de um grupo de desenvolvedores e pode atender milhões de clientes com essa estrutura.
Então, não é de se espantar que entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021, mais de 36 fintechs foram criadas e 30 rodadas de investimentos aconteceram.
Apesar dos bancos digitais terem que passar pelo rigoroso processo de aprovação do Banco Central para prestar certos serviços, muitos nem mesmo possuem a estrutura bancária, uma vez que agora existe o Open Banking.
A chegada do Open Banking permite que uma fintech empreste a estrutura financeira de um banco devidamente regularizado. Assim, ela consegue prestar todo o serviço financeiro desejado, sem investir na estrutura.
Dessa forma, a fintech que já possui uma estrutura enxuta, consegue enxugar ainda mais.
Além do Open Banking, a explosão digital da pandemia também foi um fator crucial para o aumento dos bancos digitais.
Com o isolamento social, muitas pessoas se viram forçadas a se adaptar aos serviços digitais. Assim, milhões de brasileiros migraram para os bancos digitais, uma vez que suas contas tradicionais não possuíam uma experiência virtual adequada.
O que os usuários ganham com esse número crescente de bancos digitais?
O aumento da concorrência tende sempre a beneficiar os usuários. Isso porque os custos baixam e a qualidade aumenta.
Com isso, as pessoas agora possuem acesso à contas digitais completas sem custo algum. O Nubank foi pioneiro em trazer o conceito de um cartão de crédito que não cobra centenas de reais em anuidade só para você tê-lo.
Além disso, como há uma extrema redução de custos, todos os demais serviços possuem tarifas menores que os bancos tradicionais.
A experiência que as fintechs trazem é focada no usuário, com um atendimento mais próximo. Com a maior facilidade que existe hoje de abrir uma startup financeira, muitas delas nascem para atender um público bem específico, como a Paws Bank que nasceu para atender tutores e donos de pet shop.
Em suma, os usuários ganham serviços de maior qualidade com preço justo ou mesmo gratuito, uma experiência simples e funcional, benefícios reais em suas contas e cartões, e muito mais.
Quais os cuidados devo tomar na hora de usar bancos digitais?
Com tanto anúncio de fintechs nos bombardeando nas redes sociais, é preciso ter cuidado com as ofertas e promessas. Isso porque pessoas mal-intencionadas se aproveitam de tudo.
Por isso, pesquise bem sobre o banco digital antes de abrir uma conta. Suspeite sempre de contatos feitos fora do app do banco, raramente essas fintechs entram em contato por telefone ou WhatsApp — certifique-se sempre que está conversando com um canal oficial, se ficar na dúvida, entre no site da fintech e ligue na central de atendimento para confirmar.
Além disso, proteja seu celular e sua conta com uso de senhas fortes e biometria (facial ou impressão digital).
É hora de cortar relações com os “bancões”?
Isso depende muito dos serviços que você utiliza e o nível de relacionamento que você possui com o banco.
Querer fugir das tarifas e ter uma experiência mais eficaz é o grande motivo para muitos optarem por evitar os bancos tradicionais. Entretanto, não deve ser o único a ser analisado.
Clientes de alta renda, por exemplo, acabam se beneficiando dos bancos tradicionais. Isso porque ao terem altos valores investidos, já conseguem isenção de diversas tarifas, enquanto mantêm o atendimento personalizado com os profissionais mais gabaritados para auxiliar em decisões financeiras.
Como os bancos estão se adaptando ao crescimento de usuários no ambiente digital e o aumento de fraudes?
O aumento no número de usuários, bem como das fraudes digitais, leva as instituições financeiras a passarem por uma verdadeira transformação digital.
Cada vez mais, eles buscam soluções para elevar a segurança oferecida nesses meios. Um dos melhores recursos utilizados tem sido recorrer à Inteligência Artificial.
Ademais, sistemas de criptografia ajudam a reforçar essa segurança.
Se você já abriu uma conta em um banco digital, provavelmente sabe de todo o processo de cadastro, desde selfies para provar sua identidade, criação de senhas para os aplicativos e sistemas de verificação através de SMS ou pelo e-mail cadastrado.
Outra medida, não tão direta de enfrentamento às fraudes digitais, é o acesso à informação.
As próprias instituições financeiras têm informado seus usuários acerca dos perigos desse meio e da importância de se adotar as medidas de segurança.
Por exemplo, podemos citar a notificação de compra. Com ela, toda vez que você faz uma compra utilizando o cartão, automaticamente uma notificação é enviada para o celular cadastrado.
Considerando que as fraudes digitais têm aumentado, é fundamental que esses bancos mantenham total transparência e garantam a melhor acessibilidade possível.
Meu dinheiro está seguro em uma conta digital?
Sim! Os bancos digitais também estão regulamentados no Banco Central.
O que isso significa? Que você estará protegido pelo FGC – Fundo Garantidor de Crédito.
Antes de sair abrindo conta em qualquer aplicativo, você pode entrar no site do Banco Central. Lá você encontra uma lista com todas as instituições financeiras cadastradas nele.
Meus dados estão seguros em uma conta digital?
Acontece aqui a mesma coisa que ocorre com um banco tradicional. Por ser um banco digital, não podemos assegurar com 100% de certeza que jamais ocorra nenhuma situação ruim.
Afinal, até as empresas mais protegidas do mundo podem ser alvos de criminosos.
Porém, na normalidade de segurança de uma instituição financeira séria, seus dados estão completamente seguros, com backup constante e sistemas criptográficos avançados.
Como fazer operações no meio digital de forma segura?
Para evitar fraudes digitais, além de adotar as medidas de segurança oferecidas pela sua instituição financeira, é muito importante que você também seja cauteloso.
Não clique em links recebidos em redes sociais, por e-mail ou mesmo em sites aleatórios.
Não acredite em promessas de prêmios e bônus descabidos, do tipo “Clique aqui e receba R$ 2 000”.
Quando for fazer compras virtualmente, tenha certeza que está no site oficial e que ele é seguro. Para isso, confira se sites oficiais contam com selos de segurança (em geral, eles ficam na barra de pesquisa).
Por exemplo, se você tem algo parecido com “Lojas Americanas: iPhone 11, por apenas R$ 399,99” rodando no Facebook, saiba que se trata de golpe. Basta pensar se há alguma possibilidade de ser verdade.
Por último, não forneça os dados por telefone, e-mail ou WhatsApp. Além disso, nenhum banco vai até sua casa buscar o cartão. Portanto, não responda propostas ou solicitações que fujam da normalidade empregada no mercado.
Infelizmente, elas têm crescido bastante nos últimos anos e tendem a crescer com a expansão do comércio virtual e a adesão aos bancos digitais.
Todavia, existem alguns cuidados primordiais para serem adotados, tanto pelo cliente quanto pela instituição financeira de modo a minimizar os riscos.