Mapa da Inadimplência e a dívida infinita dos cartões de crédito

Especialistas econômicos consideram que neste ano de 2022 o cartão de crédito foi um dos maiores responsáveis pelo endividamento dos consumidores.

Segundo um levantamento feito pela Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste), apresentado pelo site Agência Brasil, embora 2021 tenha tido uma taxa mais elevada, ao alcançar 81%, agora, no ano de 2022, o cartão de crédito é responsável pelo endividamento de 72% dos moradores, por exemplo, das duas mais populosas cidades do país, Rio de Janeiro e São Paulo.

O que acontece se o consumidor não pagar o cartão de crédito?

Se falamos em endividamento, é claro, que queremos também falar o que acontece, caso o consumidor, impossibilitado, não pague sua fatura do cartão de crédito.

Inicialmente, a instituição financeira entra em contato, alertando-o sobre a fatura em atraso e pedindo a quitação da pendência.

A financeira do cartão cobra de diversas formas, quer seja por ligações no telefone fixo, ligações no celular, envio de e-mails, mensagens de texto (SMS).

Ou seja, a financeira vai usar de todas as formas para “fazer” com que o consumidor pague.

Vale dizer aqui que este contato se faz sem que o banco procure saber o que aconteceu com o seu cliente. Muitas vezes este contato soa como uma “lembrança”, tipo, “você se esqueceu de pagar sua fatura”.

Por isso, neste momento, é importante que o consumidor atenda o telefone, responda às mensagens, para que tenha a oportunidade de expor sua dificuldade e que não se tratou apenas de um esquecimento.

Agindo assim, os bancos podem oferecer ao devedor boas propostas para a quitação da dívida.

Embora tenha havido iniciativa mútua e, mesmo assim, o consumidor não conseguiu pagar nem pagamento mínimo nem o parcelamento da fatura em aberto, infelizmente, terá seu CPF inscrito junto aos órgãos de proteção ao crédito, como SPC e Serasa, ficando assim com o nome negativado.

Infelizmente, todos nós sabemos disso.

Há muito tempo que as instituições financeiras esperavam até três meses para incluir o nome do consumidor nos órgãos de proteção ao crédito.

Entretanto, hoje, as coisas mudaram. E, talvez, pelo número muito grande de inadimplência, que cresce a cada ano, as instituições financeiras, dentro do seu direito legal, podem incluir o CPF do consumidor na lista de inadimplentes dos órgãos de proteção ao crédito.

Isso quer dizer que o devedor ficará com seu restrito, seu CPF negativado, até que ele consiga quitar seu débito.

Agora, pode acontecer também da dívida caducar, ou seja, após cinco anos.

Consequentemente, o nome do consumidor volta a ficar limpo, seu CPF não vai mais constar nos órgãos de proteção ao crédito, o nome é retirado do SERASA, SPC.Tudo volta ao normal. Simplesmente a dívida é extinta.

Contudo, para isso, o consumidor deverá ficar cinco anos com seu nome negativado. E em cinco anos tanta coisa pode acontecer. Você quer esperar por isso?

Quantos anos para caducar dívida cartão de crédito?

Em primeiro lugar o que é uma dívida caducada?

É a dívida que já passou pelo prazo de cinco anos, não podendo por isso causar a negativação do nome do inadimplente.

Ainda que você não tenha pagado, após os cinco anos, essa dívida “acaba” e seu CPF não ficará mais negativado.

É possível também que você tenha ouvida falar que uma dívida “prescreve”.

O que isso quer dizer?

Em primeiro lugar, caducar e prescrever são diferentes. Caducar, acabamos de explicar.

Já a prescrição é o que acontece com uma dívida que não pode mais ser cobrada judicialmente, ainda que ela exista e não foi paga.

Desse modo, banco, lojas ou qualquer instituição credora não poderá mais entrar com um processo de cobrança contra o devedor.

Importante ressaltar que não são todas as dívidas que podem ser prescritas ou que tenham prazo para prescrição.

Outra coisa é que, caso a dívida tenha caducado ou também prescrevido e cobranças informais não podem mais serem realizadas, e o consumidor não pode mais receber cobranças ou solicitação de pagamentos, deve aqui ser ressaltado que dívidas não pagas, prescritas, caducas, não deixarão de existir.

É o que mostram os dados estatísticos

De acordo com a Serasa Experian, mais de 66 milhões de brasileiros possuem alguma dívida.

Num recente levantamento da Serasa, que foi divulgado em setembro de 2022, o crescimento da inadimplência no Brasil cresceu e atingiu um número de 411 mil novos inadimplentes, em relação aos 340 mil registrados entre os meses de julho e agosto de 2022.

O mês de setembro, desse modo, tornou-se no nono mês consecutivo de aumento de inadimplência que aponta para o número de 68,39 milhões de brasileiros com o nome restrito.

Falando com outros números, mais de 2 milhões de pessoas se tornaram inadimplentes desde o início de 2022. Para os especialistas econômicos, este é o maior número desde o início da série histórica do índice, que começou em 2016.

Os números realmente impressionam. No mês de abril de 2022, a soma das dívidas chegou a R$ 271,6 bilhões.

Dívida com cartão de crédito prescreve?

Ninguém que tenha adquirido uma dívida planejou em sã consciência contraí-la

Da mesma forma ,ninguém está feliz por ter seu nome negativado.

Contudo, infelizmente, essas dívidas existem e realmente mancham o nome do consumidor.

É preciso saber que o prazo para que o pagamento ocorra antes que o nome fique negativado varia de empresa para empresa, uma vez que, antes de incluir o nome do devedor nas listas de proteção ao crédito, muitas empresas preferem negociar a dívida diretamente com o seu cliente.

Se esse entendimento não der certo, quando não há acordo e pagamento, aí, sim, a instituição financeira pode “levar” o nome do devedor ao serviço de proteção ao crédito – SPC.

Contudo, antes que isso aconteça, é necessário que a instituição avise ao seu credor, por escrito, que a medida será tomada.

Para quem tem mais de um cartão, a dívida com um cartão de crédito faz o consumidor perder o outro?

Caso o consumidor tenha contraído a dívida com um dos seus cartões, não significa que também ficará negativado com os outros. Isto é, se ele, por ventura, deixar de pagar apenas um.

O devedor não vai perder seus cartões. Isso só acontece se você ele deixar de pagar os outros também.

Pode ocorrer de, por algum motivo, o consumidor deixou a fatura em atraso de apenas um, contudo, as faturas dos outros ele paga direitinho, no valor total e em dia, não há porque perdê-los também. A não ser que seja uma regra da financeira.

Conheça alguns motivos que podem levar o consumidor a perder seu cartão de crédito

O consumidor praticar algum tipo de fraude, para pagar contas, programa de pontos, entre outros,

Consumidor deixou seu CPF irregular na Receita Federal,

A administra do cartão suspeita de que o consumidor esteja usando o cartão para fins ilícitos,

O que é comprado e o que é consumido não está de acordo com o perfil do cliente,

O CPF do consumidor está incluído nos órgãos de proteção ao crédito, em razão de outras dívidas,

As faturas são pagas frequentemente com atrasos,

O consumidor sempre paga apenas o mínimo da fatura,

A administradora pode ter desinteresse comercial e não querer mais determinado consumidor como cliente,

O cartão pode ser descontinuado.

10 dicas infalíveis para qualquer consumidor se livrar da dívida no cartão de crédito

  • 1. Tenha consciência de sua situação financeira, caso contrário a dívida certamente pode ocorrer. Por isso, faça um balanço de sua vida financeira. Veja o que você comprou em excesso e, a partir der agora, pode subtrair para não cair novamente numa dívida.
  • 2. Ponha no papel exatamente tudo o que você deve, não deixe passar nada, nem aquele ingênuo e singelo cafezinho. Uma dica dentro da dica: ponha também qual é a dívida, quando, onde e porque comprou
  • 3. Após esse levantamento super pessoal, está na hora de começar a reduzir gastos. Isso porque, agora, você já sabe direitinho o que te deixou nesta situação e, portanto, está na hora de saber evitar.
  • 4. Diga não ao pagamento mínimo. Primeiro não vai resolver. O que vai acontecer é sua dívida aumentar ainda mais. É preferível entrar em contato com a instituição e pedir parcelamento.
  • 5.  Outra dica, dentro da dica é começar pelas beiradas, ou seja, comece quitando as dívidas mais pequenas, de menor valor. Dessa forma, sem querer, você começa a se desnuviar ao perceber que os débitos estão “acabando”, sendo quitados.
  • 6. Fique de olho nos juros, e saiba negociá-los. Para isso, tenha conhecimento acerca do CET. Não deixe a sua dívida a cargo apenas da instituição financeira. Pergunte, questione, peça explicações. Assim você terá uma visibilidade maior acerca de seu débito.
  • 8. Dê um tempo para novas compras. Espere um pouco. Não será fazendo novas dívidas que você conseguirá acabar com as que já tem. Caso não tenha jeito, e você precisa de comprar algo, não se intimide, peça desconto, peça parcelamento, peça mais prazo.
  • 9. A melhor atitude: faça uma negociação. Ninguém quer lidar com isso. De um lado, a instituição financeira não quer perder, de outro, está você, que não quer ficar com o nome negativado. Dessa forma, o melhor caminho é aceitar uma negociação.
  • 10. A organização é tudo, por isso, deixe sua vida financeira bem organizada. Compre pouco, somente o necessário, pague as dívidas menores, parcele, peça desconto. Desse jeito, paulatinamente, você acabará com seus débitos.
  •  Torna-se primordial conhecer, entender e respeitar este seu momento. Não é só você. Há muita gente pelejando para deixar o nome limpo.

Conclusão

Vivemos num momento difícil. Por isso, entenda a sua situação e, se quiser e puder, aumente sua renda, fazendo trabalhos extras.

Momentos difíceis vêm e vão. O importante é não deixar se endividar novamente. Somente assim, você chegará em sua maturidade financeira.

E, para finalizar, essa pesquisa pode lhe interessar. Leia.

O site Agência Brasil apresentou uma matéria na qual apresenta estatisticamente como as famílias, de maneira geral, se endividaram nesses últimos meses.

E mostra que o percentual de famílias com dívidas a vencer cresceu 0,7 ponto percentual em julho, atingindo a marca recorde de 78% dos lares brasileiros.

Esse aumento, em relação ao mesmo período do ano de 2021, ou seja, há um ano, foi de 6,6 pontos percentuais.

Tais dados foram retirados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor – Peic, divulgada em agosto de 2022, pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo – CNC.

Ficou um total de 29%, de famílias com dívidas ou contas em atraso, ante 28,5% em junho de 2022 e 25,6% em julho de 2021. (https://agenciabrasil.ebc.com.br/)

Desses, 10,7% disseram não ter como pagar os compromissos assumidos, proporção 0,1 ponto percentual maior do que no mês anterior e 0,2 ponto percentual menor do que no mesmo período do ano anterior.

Desse modo, o aumento do endividamento foi de 0,5 ponto percentual entre as mulheres e de 1 ponto percentual entre os homens, ficando em 80,6% e 77,5% respectivamente.

Quando se refere às mulheres, a pesquisa aponta desaceleração no endividamento nos últimos meses, mas o incremento na comparação anual foi de 8,3 pontos percentuais, enquanto entre os homens subiu 6,3 pontos percentuais.

Em se tratando de faixa de renda, a Peic aponta que as famílias na faixa acima de dez salários mínimos mensais contraíram mais 0,8 ponto percentual de dívidas em julho, chegando a 75% com dívidas. Na faixa com renda abaixo de dez salários mínimos, o endividamento cresceu 0,6 ponto percentual, atingindo 78,8%. Nas duas faixas, a taxa é recorde.

A maior parte do endividamento provém do cartão de crédito, contudo a pesquisa mostrou uma queda, uma vez que as famílias estão a buscar formas mais baratas de juros.